Desconfiança e supervalorização

Desconfiança e supervalorização: o impacto dos preços no mercado imobiliário brasileiro

Uma pesquisa conduzida pelo Datafolha revelou um dado preocupante: a maioria dos brasileiros desconfia do preço dos imóveis. O levantamento mostrou que dois em cada três consumidores já desistiram de realizar uma transação — seja compra, venda ou locação — devido ao valor cobrado. Além disso, 84% dos entrevistados apontaram a dificuldade em obter informações claras sobre o que seria um preço justo.

A dor do consumidor: falta de informações confiáveis

Para os consumidores, a maior barreira na hora de negociar um imóvel é a ausência de fontes confiáveis que os ajudem a determinar se o preço está adequado. Outro desafio frequente é entender como reformas e melhorias impactam o valor final do bem.

Esse cenário é amplificado por um comportamento cultural: mais da metade dos proprietários admite anunciar seus imóveis com preços acima do mercado para garantir margem de negociação. Apenas 16% colocam o imóvel à venda ou para locação com valores alinhados ao mercado, mas sem espaço para descontos.

O ciclo da supervalorização e negociação

A prática de inflar preços cria um efeito colateral significativo. De acordo com a pesquisa, 77% dos brasileiros começam a jornada de compra já planejando pedir desconto, com 52% buscando uma redução entre 5% e 10% do valor anunciado. Curiosamente, essa faixa de negociação coincide, em média, com a comissão de corretores e imobiliárias, impactando diretamente as margens do setor.

Solução: transparência e tecnologia para transformar o mercado

Uma solução viável para combater a desconfiança e promover maior equilíbrio no mercado imobiliário é o uso de ferramentas digitais que tragam mais transparência para os preços. Uma plataforma baseada em inteligência artificial, por exemplo, pode oferecer estimativas precisas de valores de imóveis, considerando fatores como localização, metragem, estado de conservação e histórico de vendas na região.

Além disso, a criação de um "Índice de Preços Justos" — semelhante a um índice inflacionário, mas voltado exclusivamente para o mercado imobiliário — ajudaria a educar proprietários e consumidores sobre os valores reais de mercado. Essa ferramenta poderia ser incorporada a portais de anúncios, servindo como uma referência direta e confiável na negociação de preços.

A transformação do mercado depende, acima de tudo, de transparência e informação acessível.

(fonte base, imobreport, complementado por Vagner Pimentel)